Descobrir uma mentira é uma das dores mais insuportáveis e incompreensíveis que o ser humano pode experimentar. Ao mesmo tempo, uma verdade amarga, aquela que vai direto na cara, tira nosso chão. Confunde tudo o que parecia compreendido, lúcido, concreto e… amável. Mentira descoberta e verdade amarga se completam. Uma puxa a outra. Uma reforça a outra. Uma é a clarividência daquilo que a outra mascarava.
Mas entre elas – e até sem elas – existe um outro tipo de sofrimento, que ainda não é dor, nem sempre acaba sendo dor, mas dói por criar uma oscilação dos sentimentos. É um jogar de ácido no coração: a dúvida, essa corrosiva. A fantasia de que podemos controlar nosso destino é permanente. E quando
ela é confrontada pela realidade, pela obviedade de que nem sempre,
mesmo fazendo o melhor, não temos a certeza de algo, a dúvida corrói.